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Internacional

Direita é favorita em eleição da Espanha neste domingo

A Espanha vai às urnas neste domingo (23/7) para as eleições legislativas e, apesar dos bons índices econômicos e dos esforços do socialista Pedro Sánchez para manter-se no poder, as pesquisas apontam o retorno do conservador Partido Popular (PP), sob a liderança de Alberto Nuñez Feijóo. Se confirmado o cenário, as eleições espanholas seriam mais um avanço da direita sobre a União Europeia.

As eleições antecipadas foram convocadas por Sánchez, líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e presidente do governo desde 2018, após derrota do partido nas eleições regionais realizadas em 28 de maio e o crescimento dos conservadores no país.

Caso o PP vença o pleito, as eleições podem representar também o retorno da extrema-direita ao seio do governo, afastada desde a queda do ditador Francisco Franco, em 1975. Isso porque a previsão é de que os conservadores não alcancem a maioria absoluta de 176 cadeiras no parlamento e tenham que se aliar ao ultradireitista Vox, liderado por Santiago Abascal, para formarem um Executivo.

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Embora Feijóo não confirme nem desminta a aliança, PP e Vox negociaram acordos para formar governo em algumas regiões que estavam sob controle da esquerda após o pleito de maio.

A aproximação gerou desgastes ao PP, reconhecido como centro-direita, durante a campanha. Posições defendidas pela extrema-direita espanhola, como a negação da “violência de gênero” e das mudanças climáticas, abriram margem para que Sánchez levantasse a bandeira contra os possíveis retrocessos sociais com a derrota do PSOE.

Ao levantar esses pontos, o presidente do governo tenta dissuadir o eleitor de centro a votar no PP e, ao mesmo tempo, mobilizar os 500 mil simpatizantes da esquerda que não compareceram às urnas nas eleições regionais e poderiam reverter o quadro deste domingo.

Joga contra as intenções de Sánchez, no entanto, o momento escolhido para as eleições: o verão espanhol. Nesta época, muitas pessoas estão de férias e o país vive uma onda de calor. Apesar do período desfavorável, espera-se que cerca de 2,5 milhões de espanhóis votem por correio, um número sem precedentes.

“Derrubar o sanchismo”

No único debate televisionado entre Sánchez e Feijoó durante a campanha, em 10 de julho, o líder do PSOE gabou-se de seu desempenho na economia, em face dos resultados europeus. Em 2022, a Espanha cresceu 5,5% e se tornou, em junho, a primeira grande economia da UE em que a inflação caiu para menos de 2%.

Mas apesar dos índices positivos, pesa contra o presidente do governo a percepção que os próprios espanhóis têm da situação econômica do país, avaliada, segundo as pesquisas, como negativa. A impressão favoreceu Feijóo que cresceu nas intenções de voto, após o debate.

A campanha do PP, afastado do poder em 2018 por uma moção de censura no Congresso liderada por Sánchez, é baseada no lema “derrubar o sanchismo”. Seria uma tática para evitar falar sobre sua possível coalizão com a extrema direita, na opinião de Pablo Simón, cientista político da Universidade Carlos III de Madri.

"Sabemos que ele rejeita o atual presidente do governo, mas não sabemos muito sobre o tipo de governo que ele quer", disse o analista, lembrando que Feijóo sempre reserva um pouco de "ambiguidade” para manter a postura de moderado em uma Espanha tomada por discursos extremistas, à esquerda e à direita.

Nas palavras de Núñez Feijóo, a derrubada do sanchismo significa abolir "todas aquelas leis inspiradas nas minorias e que atentam contra as maiorias".

O conservador se refere a leis promovidas pelo governo de coalização dos socialistas com o Podemos, partido de extrema esquerda, atualmente em queda na Espanha. No novo contexto espanhol, Sánchez conta com a recente coalização de esquerda radical para reverter o favoritismo de Feijóo. O Sumar, dirigido pela ministra do Trabalho, a comunista Yolanda Díaz, briga pelo terceiro lugar nas eleições com o Vox e pode formar aliança com os socialistas do PSOE.