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Opinião

A Inteligência Artificial vai roubar seu emprego. E essa é uma boa notícia

Por HUGO CILO

Não vai demorar muito para você conhecer alguém que perdeu o emprego porque foi substituído pela tão famosa e temida Inteligência Artificial (IA). O desempregado poderá ser você mesmo, inclusive. Mas não se preocupe. Você não estará sozinho, e a sua profissão não será a única vítima. Diagnósticos médicos serão definidos pelos robôs e procedimentos executados sem a intervenção humana, com precisão cirúrgica. Será o fim da tradicional dipirona para qualquer enfermidade no pronto-socorro ou de prescrição de vermífugo para Covid-19. Os advogados não terão mais de elaborar processos, argumentos ou petições. A IA fará (e já faz) isso com maior coerência e honestidade do que grande parte dos processos que tramitam no judiciário. Repórteres, blogueiros e redatores de notícias factuais — tipo a bolsa subiu, o dólar caiu ­— terão de aprender a fazer outra coisa. A IA pode executar isso com rapidez e assertividade, sem qualquer erro de digitação ou de interpretação dos fatos. Os bancos não pedirão pilhas de certidões e documentos para decidir se libera ou não aquele empréstimo. O sistema, em fração de segundos, dará o aval ou a recusa.

Uma projeção da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) calcula que a Inteligência Artificial vai acabar com 27% dos empregos das 38 nações mais desenvolvidas do mundo. A OCDE afirma que a IA vai demandar novas habilidades e tornar outras obsoletas. Os mais afetados serão os trabalhadores de baixa qualificação e os profissionais mais velhos. Até mesmo pessoas mais qualificadas precisarão de treinamento. “Os governos precisam encorajar os empregadores a fornecerem mais treinamento, integrarem as habilidades de IA à educação e apoiarem a diversidade na força de trabalho de IA”, concluiu a entidade, em seu estudo.

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O cenário de expansão da Inteligência Artificial gera apreensão, mas, ao mesmo tempo, desenha um horizonte promissor para a economia e à sociedade. O sucesso ou o (improvável) fracasso da IA não depende mais do desenvolvimento da ferramenta tecnológica. Depende da confiança das empresas, dos governos e, principalmente, das pessoas em adotá-las e aceitá-las em suas tarefas diárias. Tanto é que no Dreamforce 2023, um dos maiores congressos de tecnologia do mundo, organizado na semana passada pela Salesforce em São Francisco, na Califórnia, a palavra que dominou palestras e debates foi “trust”. A companhia comandada pelo bilionário Marc Benioff incorporou à plataforma de IA Einstein 1, de IA, ferramentas da OpenAI, dona do ChatGPT. E o próprio Benioff reconheceu que superar a desconfiança é, hoje, o maior desafio para a popularização da IA. “Quando as empresas perceberem o poder infinito da Inteligência Artificial perceberão que têm mais a ganhar do que a perder”, afirmou.

É exatamente esse poder infinito que causa medo. Naquele mesmo evento, Sam Altman, CEO da OpenIA e criador do ChatGPT, defendeu que os países definam regras claras para a utilização da Inteligência Artificial em suas economias. “É preciso regular. Se a IA se tornar tão poderosa quanto pensamos, e as pessoas forem capazes de causar danos significativos com ela, com certeza haverá mais vigilância. E isso não é uma coisa boa”, disse.

Há lado positivo nessa regulação, se bem implementada. A proliferação da IA tende a estimular a criação de mecanismos de defesa dos trabalhadores, diante das ameaças de extinção de vagas. Assim como a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) surgiu em 1943 para proteger os trabalhadores da exploração de empresas e patrões, os riscos impostos pela IA podem ajudar que governos em todo o mundo redefinam as regras do jogo, garantindo uma relação saudável no mercado de trabalho e absorvendo o que há de melhor na nova tecnologia.

Seja com ou sem regulação, a IA é um caminho sem volta. Haverá impactos, sim, sobre o mercado de trabalho e nas relações entre empresas, funcionários e clientes. Será algo em proporções globais como o que ocorreu com a Revolução Industrial entre 1760 e 1840, e com a mecanização do agronegócio nas últimas três décadas. As colheitadeiras substituíram os boias-frias e os streamings extinguiram as locadoras de vídeo. Tarefas repetitivas, como processamento de dados, atendimento ao cliente e triagem de currículos, passaram a ser automatizadas, economizando tempo e recursos. O fim de muitos empregos não foi visto como algo ruim. E pode ser que, a partir de agora, novamente não seja.

Veja aqui:

https://istoedinheiro.com.br/a-inteligencia-artificial-vai-roubar-seu-emprego-e-essa-e-uma-boa-noticia/