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Opinião

Fernando Haddad, Arthur Lira e o Espelho Mágico

Por Mario Sabino

Há poucos dias, Fernando Haddad olhou-se ao Espelho Mágico e perguntou: “Espelho, Espelho meu, existe no Brasil gente mais fina, elegante e sincera do que eu?”. O Espelho Mágico respondeu: “Não, o ministro da Fazenda é a pessoa mais fina, elegante e sincera que existe no Brasil, depois do presidente Lula e, bem, da engenheira elétrica Janja”.

Assegurado pelo Espelho Mágico, Fernando Haddad foi dar entrevista a um amigo do PT. Fino e elegante durante a maior parte do tempo, ele resolveu ser muito sincero e, assim, completar todas as suas qualidades especulares, para não dizer espetaculares.

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“A Câmara está com um poder muito grande e não pode usar esse poder para humilhar o Senado e o Executivo. Mas estão com muito poder mesmo, não vi isso em nove anos que passei aqui entre governo Lula e Dilma. Nunca vi nada parecido. Penso que tem que haver uma moderação, que precisa ser construída”, afirmou o ministro.

O que Fernando Haddad não sabia é que o Espelho Mágico também havia dito a Arthur Lira que não havia gente mais fina, elegante e sincera no Brasil do que o presidente da Câmara. Fontes afirmaram a este colunista que o Espelho Mágico disse a Arthur Lira que as suas qualidades especulares, para não dizer espetaculares, eram maiores até mesmo do que as do presidente Lula e, bem, do que as da engenheira elétrica Janja.

Também assegurado pelo Espelho Mágico, Arthur Lira decidiu dar uma resposta fina e elegante, mas não inteiramente sincera a Fernando Haddad.

“A Câmara tratou de dar todo o conforto para esse governo, neste ano. Sem a PEC da Transição, o governo não teria a tranquilidade orçamentária que tem, o arcabouço fiscal, a inédita reforma tributária e o Carf”, afirmou o presidente da Câmara, com aquele olhar de quem já planeja a vingança maldita”, disse o presidente da Câmara.

Diante do rolo, fui tomar um café com o Espelho Mágico, para uma conversa em off. Como foi em off, peço discrição a você que me lê.

“Espelho, Espelho já não sei mais de quem, por que você criou essa confusão, rapaz?”

“Seguinte, jornalista: nessa outra votação do Marco Fiscal, o Lira não quer saber de aumentar a taxação dos rendimentos no exterior para os cidadãos residentes no Brasil. Já o Haddad quer fazer isso, para compensar a perda na arrecadação com a elevação da faixa de isenção do imposto de renda.”

“Isso não é segredo, já foi publicado.”

“Pois é, só que apostei com o Meu Pé de Laranja Lima que o Lira ganharia essa parada, de um jeito ou de outro. Dei só um empurrãozinho. Estou precisando dessa grana e vou botar o arame para render no exterior, porque, está tudo muito bom, está tudo muito bem, não dá para confiar no Brasil, vamos combinar. Menti foi para o Haddad.”

“Ele nem desconfiou?”

“Sabe como é, o cara anda sendo bajulado, aí fica fácil.”

“Entendi. Mais um café, Espelhão?”

“Não dá. A Janja marcou hora comigo.”