Opinião
A linguagem fascista de Lula
Por Mario Sabino
Em entrevista coletiva ao final da sua viagem a Bruxelas, Lula disse o seguinte sobre os cidadãos acusados de atacar o ministro Alexandre de Moraes e sua família, no aeroporto de Roma:
“Nós precisamos punir severamente pessoas que ainda transmitem ódio, como o cidadão que agrediu o ministro Alexandre de Moraes no Aeroporto de Roma. Um cidadão desses é um animal selvagem, não é um ser humano.”
E continuou:
“Essa gente que renasceu no neofascismo colocado em prática no Brasil tem que ser extirpada, e nós vamos ser muito duros com essa gente, para eles aprenderem a voltar a serem civilizados. Queremos paz, trabalho, emprego, educação, saúde e viver bem.”
O presidente da República que não quer transmitir o ódio pratica o ódio ao desumanizar acusados que foram submetidos a medidas judiciais de exceção, sobre as quais não tratarei aqui. O ódio de Lula tem selo : desumanizar seres humanos é uma prática fascista comum.
Na linguagem fascista, os adversários políticos, os alvos de ódio étnico e os criminosos são comparados a animais — ratos, baratas, macacos — a ser naturalmente extirpados, verbo utilizado por Lula. Trata-se de eliminar quem é considerado praga, infecção, câncer. De suprimir fisicamente todos aqueles que atrapalhariam, pela ação ou pela mera existência, a busca por paz, trabalho, emprego, educação, saúde, viver bem. Que seriam uma ameaça ao funcionamento do sistema ideológico.
Como querem a total harmonia social (essa é a pretensão totalitária), fascistas devem ser “duros com essa gente, para eles aprenderem a voltar a ser civilizados”. É preciso disciplinar a malta incivilizada que não se submete. É imperioso dar-lhe uma lição definitiva (Mussolini foi professor na juventude e levaria esse tipo de discurso adiante, como Duce). O convencimento, a argumentação, a discussão, a divergência incancelável não são admitidos na harmonia fascista.
Só os vídeos das câmeras de segurança do aeroporto de Roma poderão esclarecer o que realmente ocorreu entre os acusados e os acusadores. Mas não é preciso vídeo para constatar que Lula usa a linguagem fascista para acusar cidadãos de fascismo.
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