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Internacional

China e Rússia rebatem críticas de Biden na COP26

No terceiro dia da Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas (COP26), o foco das discussões nesta quarta-feira (03/11) estava em questões como, de que forma o mundo poderá pagar pela ambição de abandonar os combustíveis fósseis e como ajudar as nações mais vulneráveis a sobreviver às mudanças climáticas.

Os negociadores de todos os países devem utilizar o restante da conferência em Glasgow para tentar manter viva a meta de estabelecer um limite de 1,5º C para o aquecimento global, após líderes de mais de 80 países fecharem um acordo para a redução das emissões de metano em ao menos 30% ainda nesta década.

Especialistas afirmam que a iniciativa poderá ter um impacto significativo e em curto prazo sobre o aquecimento global, por se tratar de um dos gases causadores do efeito estufa.

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Mas, desentendimentos entre os Estados Unidos, China e Rússia sobre as ambições climáticas expuseram a fragilidade das conversações que visam reverter o aumento das temperaturas do planeta.

China perde habilidade de influenciar, diz Biden

O presidente dos EUA, Joe Biden, criticou seu homólogo chinês, Xi Jinping, por não comparecer à COP26, após a China se recusar a assinar o acordo sobre as emissões de metano. "Trata-se de um tema gigantesco, mas eles se afastaram”, disse Biden a jornalistas antes de deixar Glasgow rumo a Washington.

Xi também faltou à reunião dos países do G20 em Roma, o que fez com que Biden dominasse as conversas com os demais líderes. "Nós viemos, e ao fazê-lo tivemos um impacto profundo no modo como o resto do mundo olha para os Estados Unidos em seu papel de liderança”, afirmou o americano.

Ele disse que a China cometeu um "grande erro” ao não comparecer aos dois eventos. "Eles perderam a habilidade de influenciar pessoas ao redor do mundo”, observou.

Em um sinal de que os desentendimentos podem prejudicar as negociações, o enviado especial da China à COP26 disse a repórteres que seu país não apoia a meta de reduzir o limite do aquecimento para 1,5º C, abaixo da meta menos ambiciosa do Acordo de Paris, de menos de 2º C.

"Se nos concentrarmos somente em 1,5º C, isso quer dizer que estaremos destruindo o consenso entre todas as partes”, alertou Xie Zhenhua.

Ausência de Putin também é criticada

Biden ainda não poupou críticas ao presidente russo, Vladimir Putin, também ausente nas conversações. "A tundra está literalmente em chamas. [Putin] tem sérios problemas ambientais, mas se cala sobre fazer alguma coisa”, disse o americano.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse a repórteres que não apenas a vasta tundra [bioma típico do norte da Rússia], mas também as florestas da Califórnia estão queimando em consequência do aquecimento global.

"Estou certo que na próxima conversa entre os presidentes [...] Putin terá uma excelente oportunidade para dizer ao presidente Biden o que estamos fazendo pelo clima”, acrescentou. Os dois líderes realizaram o primeiro encontro bilateral em junho. Moscou afirmou anteriormente que uma nova reunião poderá ocorrer antes do fim do ano.

Apesar da falta de confiança mútua e uma série de disputas entre os dois países, Washington e Moscou mantem contatos diplomáticos de alto nível.

O diretor da CIA, William Burns, visitou a Rússia nesta semana. Ele se reuniu com os diretores do Conselho de Segurança e da agência de inteligência do país. Segundo Peskov, as conversas foram "extremamente importantes para as relações bilaterais”.