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Internacional

Suécia e Finlândia dão xeque-mate a Putin ao ingressar na OTAN

Vladimir Putin só recebe más notícias desde que mandou invadir a Ucrânia. E a confirmação de que a Suécia e a Finlândia estão formalmente se integrando à OTAN é a cereja do bolo. A iniciativa enterra de vez a estratégia geopolítica do russo desde que assumiu o poder, há pouco mais de 20 anos. Ele queria reviver as glórias da União Soviética comunista e do imperialismo russo czarista. Conseguiu o contrário. Os países nórdicos estão abandonando uma neutralidade histórica na Europa e vão reforçar a aliança militar ocidental liderada pelos EUA.

Com isso, as tropas da OTAN agora estarão na fronteira da Rússia. Esse contato já existia com o ingresso nos últimos anos dos países bálticos (Letônia, Estônia e Lituânia), mas a adesão da Finlândia, que tem a artilharia mais poderosa do continente, dobrou a exposição. É um fiasco para Putin. Ele tinha justificado a ocupação do vizinho exatamente para afastar a OTAN, mas atraiu essas forças para o seu quintal.

Quem assistiu à comovente entrevista do coronel aposentado Mikhail Khodarenok na TV estatal russa, driblando a censura e a propaganda estatal, teve a dimensão do castelo de cartas que se desmorona. O militar, um patriota insuspeito que até defende os antigos ideólogos marxistas, diz com franqueza que os russos estão isolados e sem perspectivas, enfrentando uma coalizão de 42 países. Ele aponta que os ucranianos estão abastecidos com armamento moderno e apoio financeiro. Até um milhão de soldados ucranianos estão determinados a defender seu território, e é isso que decide guerras. Ou seja, os russos podem perder.

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O ex-coronel apenas vocaliza aquilo que a inteligência dos países ocidentais divulga diariamente sobre as disputas na frente. As tropas russas repetem seus erros e não conseguiram impor sua supremacia. Segundo os britânicos, as forças de Putin perderem um terço dos seus efetivos. Além de desistir de uma invasão em larga escala, elas foram repelidas da capital, Kiev, e da segunda maior cidade do país, Kharkiv. Os russos contavam com seus antigos aliados da região do Donbas, mas esses se aliaram aos compatriotas contra os invasores.

Além de encolher a Rússia no cenário geopolítico, Putin minou a economia do país. Por enquanto, a Rússia ainda se beneficia do dinheiro das exportações de gás e petróleo, commodities que se valorizaram pelo próprio conflito. Até o momento, o país recebe mais recursos, apesar de exportar menos. Mas a Europa está fechando as torneiras dos gasodutos, de forma permanente. Além de se desligar do sistema financeiro global, a Rússia ficará sem inovação tecnológica e, no fim, sem as vendas de combustíveis que garantiram a bonança nas últimas décadas.

É um cenário de pesadelo para Putin. Seu regime de oligarcas está ferido de morte, e ele só se manterá no poder se fechar ainda mais o regime, cultivando o passado. Para quem se orgulha de ter o maior arsenal nuclear do planeta, é um forte revés. Ele se imaginou um novo Stalin, mas ficará cada vez mais parecido com Kim Jong-un, o ditador da Coreia do Norte, última dinastia comunista do planeta.