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Advogada de condenado pelo 8 de janeiro chora e diz ter sido 'ignorada' no STF | O TEMPO
O ministro relator do caso já havia repreendido outro advogado ao dizer que é 'patético e medíocre que um advogado suba a tribuna do STF com um discurso de ódio'
Política
Uma advogada criticou ministros e chorou durante sua fala no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre réus do 8 de janeiro. Larissa Claudia Lopes de Araújo, que representou o réu Matheus Lima de Carvalho Lázaro (condenado a 17 anos de prisão), reclamou ter se sentido "ignorada", inclusive pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, ao não ter sido cumprimentada quando a sessão iniciou.
"Senhores, me desculpa por querer chorar, mas nós não somos os réus desse processo. Somos só advogados. Não fui eu que cometi o crime, se é que há um crime", disse durante a sessão, acrescentando que "ninguém sabe dizer qual o critério do processo", nem mesmo os ministros, "porque não tem", acrescentando, em meio ao choro, que as sentenças dos réus já estavam prontas.
"Vi advogados serem humilhados, talvez por isso eu esteja com um pouco de medo, aqui nessa tribuna. A OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] nunca se manifestou para defender a gente. [...] O meu choro aqui não é por partido. É pelo meu trabalho que é tão desvalorizado que eu nem sei para quem eu estou falando aqui se ninguém vai me ouvir. Provavelmente, as sentenças jás estão prontas. Quem duvida disso?", questionou a advogada.
Após a fala da advogada, Moraes rebateu a advogada sobre o mau uso do espaço e disse que o STF dedica "estreita dedicação a todos os processos" e os ministros conferem "dedicação específica" a cada casos julgado. "Diferentemente às vezes da própria advogada que perdeu o prazo para alegações finais, simplesmente perdeu o prazo. Mas esse relator, em respeito ao devido processo legal, abriu prazo para a Defensoria", declarou Moraes.
Antes, o ministro já tinha chamado de "medíocre e patético" a sustentação de Hery Kattwinkel, advogado do réu Thiago De Assis Mathar (condenado a 14 anos de prisão), que não usou o tempo para fazer uma defesa técnica do cliente. "É patético e medíocre que um advogado suba a tribuna do Supremo Tribunal Federal com um discurso de ódio, um discurso para postar depois nas redes sociais. Talvez pretendendo ser vereador do seu município no ano que vem”, acusou o ministro.