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Opinião

A Revolução de 30

Por Everton Gomes - Cientista político e porta-voz do Rio Boa Praça

Graças a Getúlio Vargas, o mês de outubro traz lembranças positivas, do ponto de vista histórico, no Brasil. Entre elas, a Revolução de 30, que eclodiu, simultaneamente, no Rio Grande do Sul e Minas Gerais, na tarde de 3 de outubro (de 1930), e tornou-se vitoriosa em quase todo o país (com resistências em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Pará, estados em que predominavam os seguidores do ex-presidente Washington Luís e os defensores do sistema oligárquico (derrotado, com a Revolução de 30).

Entre os jovens políticos que se rebelaram contra o controle do Brasil pelas oligarquias ligadas a Washington Luís e ao seu candidato nas eleições presidenciais de março de 1930, o paulista Júlio Prestes, destacavam-se, além de Getúlio Vargas, Oswaldo Aranha, Flores da Cunha, Lindolfo Collor, João Batista Luzardo, João Neves da Fontoura, Virgílio de Mello Franco , Maurício Cardoso e Francisco Campos.

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Também havia tenentes, que haviam participado do movimento tenentista, como Juarez Távora, João Alberto e Álvaro Costa.

Luis Carlos Prestes, que havia sido o líder da Coluna Prestes, não participou da Revolução de 30 e lançou seu próprio Manifesto Revolucionário . Crítico da união dos jovens políticos com a dissidência oligárquica que seguiu Getúlio Vargas, ele se declarava socialista e dizia que a substituição de um político por outro não resolveria o problema do povo brasileiro.

A ala dissidente da velha oligarquia ( que decidiu aliar-se aos revolucionários de 30 para ganharem mais poder e prestígio) era formada por Artur Bernardes, Vemceslau Brás, Afrânio de Melo Franco, Antonio Carlos Ribeiro de Andrada e João Pessoa, entre outros.

O inesperado assassinato de João Pessoa ( presidente da Paraíba e candidato à vice-presidente na chapa da Aliança Liberal, liderada por Getúlio Vargas e derrotada nas eleições de março de 1930), ocorrido em julho ( 1930) estimulou as adesões à Revolução de 30.

Enterrado no Rio de Janeiro, João Pessoa virou mártir. Houve comoção popular. E, vários setores do Exército decidiram apoiar o movimento contra o sistema oligárquico .

Sob liderança civil de Getúlio Vargas e a liderança militar do ex-general Goes Monteiro (naquela época, tenente-coronel), em 3 de outubro iniciou-se a Revolução de 30, com a ocupação de Porto Alegre, Belo Horizonte, cidades do Nordeste.

As forças revolucionárias gaúchas rumaram para São Paulo, onde estava Washington Luís.

Liderados pelos general Tasso Fragoso, um grupo de oficiais-general exigiu a renúncia de Washington Luis, que não aceitou e foi, imediatamente, preso.

A Junta provisória de governo foi formada pelos generais Tasso Fragoso, João de Deus Mena Barreto e pelo Almirante Isaias Noronha.

Os gaúchos predominavam no movimento e, por causa do peso político desse grupo, os militares decidiram transmitir o cargo de presidente da República a Getúlio Vargas.

Ao chegarem ao Rio de Janeiro, os revolucionários gaúchos amarraram seus cavalos no obelisco da Avenida Rio Branco.

Em 30 de novembro, Getúlio Vargas assumiu o governo provisório. Foi o fim da República Velha. E, o começo de um novo período na história brasileira. O início da Era Vargas.

Getúlio governou até 1945, quando renunciou ( em 29 de outubro de 1945) , ante a iminência de ser deposto por um golpe militar, e se auto exilou em São Borja ( na fazenda de Itu), no Rio Grande do Sul.

Nos primeiros 15 anos em que governou , Getúlio Vargas modernizou o Brasil. Criou os ministérios do Trabalho, Indústria e Comércio, Educação e Saúde. Interventores estaduais foram nomeados e ajudaram a aumentar a autonomia do presidente da República, que criou, ainda, o Conselho Nacional do Café, o Instituto do Cacau, a Lei da Sindicalização, que vinculava diretamente ao presidente ( por intermédio da Câmara dos Deputados) os sindicatos brasileiros .

Getúlio Vargas foi, ainda, o responsável pelo estabelecimento da CLT, em 1941.

A nova Constituição Brasileira , promulgada por Getúlio Vargas em 16 de julho de 1934, trouxe novidades como o voto secreto.

Getúlio Vargas demorou a apoiar os países aliados contra a Alemanha de Hitler, na segunda guerra mundial.

Em setembro de 1942, o Brasil decidiu aderir aos aliados e declarou guerra à Alemanha nazista e à Itália fascista.

Nesse período, Vargas assinou, com o presidente Roosevelt, dos EUA, o Tratado de Washington, que garantia produção de 45 mil toneladas de látex para as forças aliadas , o que proporcionou o segundo ciclo da borracha, na região amazônica. Que recebeu 54 mil trabalhadores do Nordeste, a maioria do Ceará.

Apesar de ter saído da presidência, em 1945, afastado do poder, Getúlio Vargas não sofreu nenhuma punição nessa época. Não teve os direitos políticos cassados e apoiou a candidatura do general Eurico Dutra, nas eleições presidenciais.

Dutra venceu o brigadeiro Eduardo Gomes ( udenista e um dos principais inimigos históricos de Vargas) por causa do apoio de Getúlio.

Na formação da Assembleia Nacional Constituinte, de 1946, Getúlio Vargas foi eleito senador por dois estados, Rio Grande do Sul ( pelo PSD) e São Paulo ( PTB). Também foi eleito deputado federal por seis estados, entre eles o Rio de Janeiro .

Essas vitórias fizeram parte de um movimento espontâneo . Getúlio estava recolhido em Itu e recebeu votos do povo, em todo o país

Em Itu, durante a reclusão, getulistas criaram a campanha Ele vai voltar ( 1949).

A histórica entrevista que Getúlio Vargas ao jornalista Samuel Wainer aconteceu em fevereiro de 1949. A reportagem foi publicada pelos jornais e emissoras de os Diários Associados (De Assis Chateaubriand) e dizia que Getúlio iria voltar.

Lançado pelo antigo PTB que ajudou a criar, Vargas venceu as eleições de 1950. E, voltou à presidência, pelo voto direto.

Tags: #Getulio Vargas, Dutra