Internacional
China teria apagado campos de concentração dos mapas
O Governo chinês está sendo acusado de apagar imagens de campos de detenção de uigures de um dos serviços de mapas mais populares do país.
Esta semana, o Buzzfeed News comparou aplicações de mapeamento ocidentais e chineses e revelou que Pequim teria apagado imagens de campos, prisões e instalações militares do serviço de mapeamento Baidu.
O Baidu, que oferece um serviço de satélite muito semelhante ao Google Maps, tem sede na China e é frequentemente sujeito a uma censura rigorosa. No entanto, ao verificar os espaços em branco, o BuzzFeed encontrou uma vasta rede de “268 complexos recém-construídos”, muitos dos quais contêm vários centros de detenção.
“Assim que descobrimos que poderíamos replicar o fenômeno dos espaços em branco de forma confiável, começamos a olhar para outros campos cujas localizações já eram conhecidas para ver se poderíamos observar a mesma coisa lá”, escreve o BuzzFeed. No total, havia cinco milhões de espaços mascarados em Xinjiang”, concluiu o portal.
Segundo o Buzzfeed, essas imagens escondiam “bases militares e campos de treino, prisões, centrais de energia, mas também minas e algumas instalações comerciais e industriais.”
A China tem detido uigures, cazaques e outras minorias muçulmanas no estado de Xinjiang, no extremo oeste da China.
Em novembro do ano passado, o jornal norte-americano New York Times recebeu 403 páginas de documentos internos do governo chinês deletando a criação de mais de 500 campos de concentração onde minorias étnicas eram submetidos a tortura, violação e experimentação médica. Alguns documentos mostram mesmo que os uigures têm sido submetidos a um sistema de “lavagem cerebral”.
Em fevereiro deste ano, novos documentos revelaram que as autoridades chinesas estavam monitorando os movimentos e comportamento dos uigures e pessoas estavam sendo enviadas para campos por causa da sua barba e por terem muitos filhos.
Recentemente, foi noticiado que a China está tentando reduzir a taxa de natalidade entre uigures e outras minorias para conter a população muçulmana do país.
Desde 2014, pelo menos dois milhões de muçulmanos uigures e outras minorias étnicas foram detidos em campos como parte de uma suposta campanha antiterrorista. As práticas repressivas do Governo chinês vêm sendo denunciadas por várias organizações não governamentais de defesa dos direitos humanos, pelas Nações Unidas e por vários governos.
A China insisti que está administrando apenas o que chama de centros de “treino vocacional” para combater o extremismo na região.
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