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Saúde

Depressão: acolhimento familiar é fundamental no tratamento da doença

Cuidar da saúde mental e da qualidade de vida é tema importantíssimo durante todo o ano. No entanto, o mês de setembro é marcado pela campanha do Setembro Amarelo, que procura a maior conscientização sobre os problemas relacionados à saúde mental, a valorização da vida e a prevenção ao suicídio. O médico e terapeuta Andrei Moreira, explicou como o acolhimento familiar é fundamental durante o tratamento do transtorno.

O que causa a depressão?

Segundo o médico, a depressão é uma doença ou síndrome de natureza multifatorial. “Em sua base há fatores biológicos, psicológicos, sociais, afetivos e tudo isso integrado. Há pessoas que trazem uma tendência familiar genética em desenvolver a depressão. Por exemplo, quem tem em sua família pais com depressão, têm 15% mais chances de ter depressão, em relação a uma pessoa que não tem essa herança na família”, explicou.

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Ainda conforme Andrei, biologicamente a depressão se manifesta como um desequilíbrio neuroquímico cerebral, que envolve vários neurotransmissores, como a serotonina, a dopamina e noradrenalina. Esse desequilíbrio pode ser secundário a uma doença, como, por exemplo, um distúrbio da tireoide ou um tumor.

“Quando ela é secundária, tratando a doença de base, ela se resolve. Quando ela é primária, precisa-se abordar os diversos fatores na vida daquela pessoa que envolvem aquele adoecimento. Desde o estilo de vida – como a alimentação, por exemplo, porque muitas pessoas se alimentam com deficiência de triptofano e de outros aminoácidos essenciais na produção de serotonina e outros neurotransmissores – passando pelos exercícios físicos e as relações de trabalho, até as relações afetivas, as vivências emocionais, as experiências traumáticas, os estresses, os lutos e as perdas, as culpas e as características de personalidade”, pontuou.

Como ajudar alguém com depressão?

Conforme o médico, para ajudar efetivamente alguém com depressão é necessário, antes de qualquer coisa, acolher esta pessoa, validando suas emoções e experiências, ofertando espaço de escuta ativa – ou seja, aquela escuta respeitosa e silenciosa em que a gente não fica falando internamente enquanto escuta o outro, mas que permite ao outro se sentir respeitado, escutado, percebido.

“Além disso, o tratamento médico é fundamental. Existe a depressão leve, que pode ser tratada somente com psicoterapia, mas a imensa maioria dos casos vai precisar de medicação associada ao tratamento psicológico para estabilizar o humor e as emoções”, pontuou.

Segundo Andrei, quando a pessoa está estabilizada emocionalmente, ela pode mergulhar em si mesma, em suas experiências de vida, no processo do autoconhecimento, sozinha ou em uma psicoterapia, acolhida e ajudada adequadamente. “Além disso, com consciência de seus hábitos e padrões, a pessoa pode fazer mudanças no estilo de vida para ter mais qualidade em todos os aspectos e se fortalecer”, afirmou.

O terapeuta também pontuou que muitas pessoas adoecem e tem transtorno de ansiedade ou desenvolvem estados depressivos devido a traumas e dores emocionais ocultas, vividas solitariamente, na intimidade.

“Às vezes, no caso dos jovens, há conflitos em relação à sexualidade ou dificuldade de relação com os amigos e a família. Muitos sofrem bullying, na escola e nas redes sociais, por alguma característica ou diferença. Em todo ser humano, as dificuldades de se sentir respeitado, valorizado, amado, percebido são fatores emocionais impactantes”, diz.

“A falta de um acolhimento familiar e de um espaço amoroso de respeito dentro da família pode ser um agravante dessas experiências ou um determinante delas muito importante. O contrário também é verdadeiro. As famílias que ofertam escuta, afeto, espaço para expressão e suporte emocional, auxilia fortemente na prevenção da depressão e no auxílio à recuperação da saúde”, finalizou.

Fonte:

https://www.bonsfluidos.com.br/comportamento/depressao-acolhimento-familiar-e-fundamental-no-tratamento-da-doenca.phtml