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Internacional

Israelenses e palestinos chegam a acordo e começam cessar-fogo; mais de 40 morreram em Gaza

O governo de Israel e militantes da Palestina chegaram a um acordo e deram início neste domingo (7) a um cessar-fogo na Faixa de Gaza, que começou a valer às 23h30 de Jerusalém (17h30 em Brasília).

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 40 pessoas, incluindo ao menos 15 crianças e 4 mulheres, morreram em Gaza desde o início dessa fase de confrontos entre Israel e o grupo Jihad Islâmica. O número de feridos passou de 300. Os ataques dos dois lados atravessaram a madrugada deste domingo.

Esses foram os confrontos mais violentos entre Israel e as organizações armadas de Gaza desde a guerra de 11 dias de maio de 2021, que terminou com a morte de 260 pessoas do lado palestino e 14 em Israel.

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Também neste domingo, o exército israelense anunciou a detenção de 20 membros da Jihad Islâmica na Cisjordânia. Outros 20 militantes da organização tinham sido detidos neste sábado (6), na mesma região.

O acordo de cessar-fogo foi negociado com a intermediação do Egito. A Jihad Islâmica confirmou que chegou a um acordo para uma trégua com Israel graças à mediação dos egípcios.

"Foi concluído há pouco um acordo de trégua egípcio, que inclui o compromisso do Egito de agir em favor da libertação de dois prisioneiros, [Basem] Al Saadi e [Khalil] Awawdeh", disse em um comunicado Mohamed Al Hindi, chefe do braço político da Jihad Islâmica.

Já o gabinete do primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, disse em nota: "Se o cessar-fogo for violado, o Estado de Israel se reserva o direito de responder com firmeza".

Foi a detenção de Saadi, um líder da Jihad na Cisjordânia ocupada, na segunda-feira (1º), que desencadeou a nova escalada de violência na região.

Israel atribuiu seus primeiros ataques, ocorridos nesta sexta-feira (5), temores de possíveis represálias da Jihad a partir da Faixa de Gaza, enclave de 362 quilômetros quadrados onde vivem 2,3 milhões de pessoas e que está sob bloqueio israelense há mais de 15 anos.

Em resposta aos bombardeios, a Jihad Islâmica, que é apoiada pelo Irã e está incluída na lista de organizações terroristas dos Estados Unidos e da União Europeia, disparou centenas de foguetes contra Israel.

Ataques neste domingo

O braço armado da Jihad Islâmica anunciou neste domingo que lançou foguetes contra Jerusalém, pouco depois da ativação das sirenes de alerta na cidade.

"Há poucos minutos, lançamos foguetes contra Jerusalém", anunciaram as brigadas Al-Qods em um comunicado. Como acontece com 97% dos projéteis lançados a partir de Gaza, foram interceptados pelo escudo antimísseis israelense, segundo o exército do Estado hebreu.

Esta foi a primeira vez que projéteis são lançados contra Jerusalém desde o início da escalada com Israel na Faixa de Gaza.

Os disparos foram efetuados quando centenas de israelenses celebravam um feriado judaico, com a visita de nacionalistas à Esplanada das Mesquitas, conhecida entre os judeus como "Monte do Templo".

Esta parte da cidade fica em Jerusalém Oriental, setor ocupado e anexado por Israel, fonte de tensões e, algumas vezes, confrontos violentos entre as forças israelenses e os palestinos

No sábado, as sirenes de alerta já haviam sido acionadas na metrópole israelense de Tel Aviv.

As Brigadas Al Qods confirmaram em um comunicado que no atual conflito dispararam também contra as cidades de Ashkelon, Ashdod e Sderot.

Israel contesta os números de crianças mortas

Os números de mortos do Ministério de Saúde Palestino foram contestados por Israel. Autoridades israelenses afirmaram que várias crianças palestinas morreram na noite deste sábado (6) em Jabalia, no norte de Gaza, após um lançamento frustrado de foguetes da própria Jihad Islâmica em direção a Israel, e não em um ataque de seu exército.

Israel alega que seus ataques, iniciados na sexta-feira de forma "preventiva" diante de possíveis represálias após a detenção de um líder da Jihad Islâmica na Cisjordânia, são direcionados contra locais de fabricação de armas.

O comandante de operações do exército israelense, Oded Basik, afirmou em um comunicado que a "alta cúpula da ala militar da Jihad Islâmica em Gaza foi neutralizada".

A relação inclui os seguintes nomes:

Taysir al Jabari 'Abu Mahmud', um dos principais líderes do grupo armado, morto na sexta-feira em Gaza;

e Khaled Mansour, um alto comandante que faleceu em um ataque em Rafah.

Bombardeios e detenções

O Hamas, movimento islamita que governa Gaza desde 2007, fez um alerta em um comunicado contra as "incursões" israelenses que poderiam levar a uma situação "fora de controle".

O Hamas, que já travou diversas guerras contra Israel, não participou deste atual conflito.

Esta nova escalada de violência deixou o território de Gaza e seus 2,3 milhões de habitantes sem a sua única central de energia elétrica, que teve que interromper as atividades por falta de combustível, provocada pelo bloqueio das entradas do enclave por Israel desde terça-feira (2).