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Internacional

Salman Rushdie foi apunhalado no pescoço e não se sabe seu estado

O escritor britânico Salman Rushdie, cujos escritos o tornaram alvo de ameaças de morte no Irã, foi esfaqueado em um evento no estado de Nova York nesta sexta-feira (11) e seu estado de saúde é desconhecido, informou a polícia, acrescentando que seu suposto agressor foi detido.

“O suspeito correu para o palco e atacou Rushdie e um entrevistador. Rushdie aparentemente foi esfaqueado no pescoço e foi levado de helicóptero para um hospital da região. Seu estado de saúde ainda é desconhecido”, anunciou a polícia do estado de Nova York em comunicado.

Imagens postadas online mostram pessoas ajudando uma pessoa em um auditório, que os meios de comunicação identificaram como da Chautauqua Institution.

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“Um evento horrível acaba de acontecer na #chautauquainstitution: Salman Rushdie foi atacado no palco em #chq2022. O anfiteatro foi evacuado”, escreveu uma testemunha nas redes sociais.

O escritor de 75 anos chamou atenção com seu segundo romance “Os Filhos da Meia-Noite” de 1981, que recebeu aclamação internacional e o prestigioso Prêmio Booker do Reino Unido por seu retrato da Índia pós-independência.

Mas seu livro de 1988 “Os Versos Satânicos” teve um forte impacto ao provocar uma fatwa, ou decreto religioso, pedindo sua morte pelo líder revolucionário iraniano aiatolá Ruhollah Khomeini.

O romance foi considerado por alguns muçulmanos como desrespeitoso ao profeta Maomé.

Rushdie, nascido em 1947 em Bombaim em uma família de muçulmanos não praticantes e ateu declarado, foi forçado a viver escondido quando uma recompensa foi oferecida por sua cabeça que ainda é válida.

– Uma década escondido –

Ele recebeu proteção policial do governo do Reino Unido, onde estudou e estabeleceu residência.

Ele passou quase uma década escondido, mudando de casa repetidamente e incapaz de dizer aos filhos onde morava.

Rushdie só começou a deixar sua vida como fugitivo no final dos anos 1990, depois que o Irã disse em 1998 que não apoiaria seu assassinato.

Atualmente vive em Nova York e é um forte defensor da liberdade de expressão.

Em particular, fez uma forte defesa da revista satírica francesa Charlie Hebdo depois que um grupo de fundamentalistas islâmicos matou alguns de seus funcionários em Paris em 2015.

A revista publicou caricaturas de Maomé que provocaram reações furiosas entre os muçulmanos de todo o mundo.

Ameaças e boicotes persistem contra os eventos literários de que Rushdie participa, e seu título de cavaleiro em 2007 provocou protestos no Irã e no Paquistão, onde um ministro do governo disse que justificava atentados suicidas.

No entanto, a fatwa não conseguiu sufocar a escrita de Rushdie e inspirou seu livro de memórias “Joseph Anton”, em homenagem a seu pseudônimo enquanto estava escondido e escrito em terceira pessoa.

Os livros de Rushdie foram traduzidos para mais de 40 idiomas e seu romance “Os Filhos da Meia-Noite”, com mais de 600 páginas, foi adaptado para palco e tela.