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Economia

Dólar sobe 0,44% e volta a superar R$ 4,95 à espera de inflação nos EUA

Em sessão morna e de liquidez reduzida, o dólar à vista subiu no mercado doméstico de câmbio e voltou a superar a barreira de R$ 4,95, alinhado ao sinal predominante de alta da moeda americana no exterior. À espera da divulgação, amanhã, do índice de preços ao consumidor nos EUA (CPI, na sigla em inglês), que pode mexer com as expectativas para os próximos passos do Federal Reserve, investidores optaram por uma postura mais cautelosa.

Por aqui, a leitura benigna do IPCA de agosto, que animou o Ibovespa e derrubou os juros futuros, contribuiu, em menor magnitude, para o escorregão do real, ao abrir as apostas para uma aceleração do ritmo de corte da taxa Selic ainda neste ano. Para o encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) marcado para a semana que vem, contudo, a perspectiva majoritária ainda é de nova redução da taxa básica em 0,50 ponto porcentual, para 12,75% ao ano.

Com oscilação de pouco mais de três centavos entre mínima (R$ 4,9353) e máxima (R$ 4,9678), o dólar à vista fechou cotado a R$ 4,9530, em alta de 0,44%, devolvendo uma parcela da queda de ontem (-1,04%). No mês, a divisa passa a acumular ligeira avanço (+0,04%).

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“O mercado operou hoje na expectativa pelo CPI nos Estados Unidos amanhã, que vai dar mais subsídios para a decisão do Federal Reserve. Não vejo motivos para o dólar deixar de apresentar uma tendência de alta, pelo menos no curto prazo”, afirma o especialista em câmbio da Manchester Investimentos, Thiago Avallone.

Lá fora, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – operava em leve alta no fim da tarde, ao redor dos 104,700 pontos, após se aproximar do nível dos 105,000 pontos na máxima (104,918 pontos). A moeda americana subiu na comparação com a maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, embora tenha recuado em relação a dois pares relevantes do real, os pesos mexicano e colombiano.

Pela manhã, o IBGE informou que o IPCA acelerou de 0,12% em julho para 0,23% em agosto, resultado inferior à mediana das estimativas de analistas consultados pelo Projeções Broadcast (0,28%). Apesar da aceleração mensal, o IPCA apresentou composição mais benigna, com perda de fôlego de núcleos e de serviços. Casas como LCA Consultores e Warren Rena revisaram para baixo a projeção para o IPCA fechado deste ano.

Na visão da equipe de Macro da Genial Investimentos, capitaneada pelo economista José Márcio Camargo, o fato de grande parte das economias desenvolvidas ainda estarem em “processo de aperto monetário recomenda cautela adicional” para o Banco Central. O time da Genial observa que o Banco do Chile reduziu o ritmo de corte de juros neste mês, ao anunciar redução da taxa básica do país 0,75 ponto porcentual, para 9,50%. Isso porque o início do ciclo afrouxamento em julho, com um corte de 1 ponto porcentual, provocou aumento da volatilidade da taxa de câmbio e “desvalorização significativa” da moeda chilena.

“O Banco Central deve permanecer vigilante a esse mesmo risco, sob pena de desencadear um movimento de desvalorização da moeda brasileira com impactos negativos sobre o processo de desinflação”, afirma a equipe da Genial, que prevê mais três cortes de 0,50 pontos da taxa Selic neste ano, para 11,75%.