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Economia

Após série de críticas ao BC, Lula recebe Campos Neto no Planalto pela 1ª vez nesta quarta

Após meses de críticas à condução do Banco Central, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebe Roberto Campos Neto, chefe da instituição, pela primeira vez nesta quarta-feira (27), no Palácio do Planalto. A informação é da analista da CNN Thaís Herédia.

O encontro, a convite do presidente do BC, vai ocorrer no final da tarde e será o primeiro entre os dois desde que Lula assumiu seu terceiro mandato.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também deverá estar presente. “Acredito que vai ser uma reunião em que os dois tentam tirar proveito e ressaltar aspectos positivos do encontro”, analisa Cristiano Noronha, vice-presidente da Arko Advice.

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Críticas a Campos Neto

A Selic, taxa básica de juros, é o principal ponto de atrito entre os dois. No início do mandato de Lula, a taxa estava em 13,75% — agora, encontra-se em 12,75%.

Por considerá-la elevada, o presidente não chegava nem a mencionar o nome de Campos Neto, citado como “cidadão” pelo petista. Lula também dizia que “Campos Neto não foi indicado pelo povo”.

“Quando tinha o [Henrique] Meirelles [no comando do BC], eu conversava com o Meirelles”, completou em referência à falta de diálogo entre ele e Campos Neto até então.

Já em agosto, mantendo a tensão entre eles, o chefe do Executivo disse que o presidente do BC “não entende de Brasil” e “de povo”.

Convite do chefe do BC

Fontes disseram à CNN que o pedido para o encontro partiu de Campos Neto, que, além de Lula, vem sendo alvo de críticas duras e pessoais também de muitos governistas, de dentro e fora do PT.

Relatos feitos à reportagem por pessoas próximas a Lula apontam que, antes de aceitar o pedido do chefe do BC, ele consultou Haddad e aliados que têm bom diálogo com a autoridade monetária.

Selic em queda

As quedas recentes da taxa de juros — duas já foram promovidas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC — ajudaram a arrefecer os ânimos entre Lula e Campos Neto.

Aliados de Lula dizem que ele parou de reclamar com frequência das decisões do BC, mesmo mantendo tom ácido sobre o presidente do banco publicamente.

Há três semanas, durante evento em Fortaleza, Lula criticou o patamar de juros e afirmou: “Se ele conversa com alguém, não é comigo”, em referência ao presidente do Banco Central.

Sinal de respeito

O encontro está sendo considerado um sinal de respeito à institucionalidade dos cargos e à independência do BC, um fator novo na transição de governo do país.

Na avaliação de pessoas próximas a Lula, nenhum dos dois marcaria um encontro se não fosse para selar uma convivência mais respeitosa entre eles.

No entanto, ninguém já aposta em pacificação, mas o gesto de aproximação pode inaugurar um período de maior naturalidade na convivência entre os presidentes da República e do Banco Central.